
Estava tudo certo para “O Outro Lado do Paraíso” contar com uma bomba e tanto.
Surreal, é claro, como boa parte da novela.
Desirée (Priscila Assum) iria se revelar transexual nos próximos capítulos do folhetim das 21h , da Globo.
Sem cirurgia íntima, ela mantinha o segredo sob sigilo e apenas as amigas do bordel teriam conhecimento sobre o caso.
Mas, de repente, o tal segredo foi suspenso na Globo. Do nada. O autor Walcyr Carrasco tratou de dizer que fora culpa de um colaborador, que Desirée não seria mais trans na novela. Mas o fato é que o capítulo em que Juvenal (Anderson di Rizzi) descobriria que Desirée é homem já havia sido escrito.
E dificilmente não teria passado por Walcyr, que é extremamente cuidadoso com suas obras, e só passa escaletas para os colaboradores. Toda criação passa por ele.
Consta agora que Desirée terá um outro segredo na novela. Mas ela não será trans. Ainda bem.
A descoberta de ex-segredo seria em total clima de pastelão, babado, confusão e gritaria. Juvenal descobriria ao ver a prostituta sem roupa que na verdade ela tem um órgão sexual masculino, e dos grandes. “É homeeeeeee”, sairia gritando Juvenal pela rua.
Tema polêmico, delicado, angustiante para quem vive, que poderia ser simplesmente rejeitado pela audiência. Mas não.
Ivana/Ivan transbordava sentimentos e sensações, tocou as pessoas, trouxe luz para um assunto onde o preconceito impera pura e simplesmente pela força da ignorância. O público abraçou Ivana. O mesmo público que havia repudiado o casal de lésbicas da terceira idade em “Babilônia”, de Gilberto Braga.
Ivana/Ivan foi um passo importante da dramaturgia da Globo rumo à aceitação.
Tempos atrás, Desirée seria só mais uma das agruras divertidas de Walcyr Carrasco, que já bebeu dessa fonte em “Morde & Assopra”, com o mesmo Anderson Di Rizzi, na ocasião sendo enganado por Otaviano Costa, que se passava por mulher.
Oficialmente, a Globo nega que uma coisa tenha relação com outra.
Hoje, meses depois do furacão Ivana, Desirée seria só um brisa na direção contrária, para trás.
Por KEILA JIMENEZ – www.r7.com
Discussion about this post