‘O ressurgimento’ tem os elementos responsáveis pelo sucesso de antecessor.
Alienígenas tentam mais uma vez invadir o planeta 20 anos depois.
20 anos depois da primeira tentativa de invasão alienígena, eles estão de volta com naves maiores e armas mais poderosas. “As poucas esperanças da Terra estão depositadas no grupo que inclui o cientista David Levinson, um senhor da guerra no coração da áfrica e uma piloto de caça, filha do ex-presidente Tom Whitmore”. Esta é a sinopse tirada da contracapa do livro oficial de “Independence Day: O ressurgimento”, que estreia nesta quinta-feira (23) no Brasil. Se parece absurdo é porque realmente é — e esta é exatamente a graça.
É melhor ser honesto logo no começo. Se você gostou do primeiro, provavelmente vai se divertir novamente. Se não curtiu, talvez seja uma melhor ideia assistir àlguma outra coisa.
Quase todos os elementos responsáveis pelo sucesso do filme original de 1996 estão de volta, para o bem e para o mal. Tirando Will Smith, que ficou de fora desta sequência, diretor e elenco são os mesmos.
Desligue o cérebro
O cineasta Roland Emmerich volta a fazer aquilo que faz melhor: destruir o mundo. Desta vez não há o impacto criado pela agora famosa cena da explosão da Casa Branca (ele mesmo já atacou a construção outra vez em “O ataque”), mas é inegável sua habilidade em retratar o fim do planeta — e seus marcos históricos.
O alemão constrói mais uma vez uma história absurda, que deve ser assistida com o maior nível de suspensão de descrença possível. Em um mundo no qual todas as produções recentes estão mais preocupadas em ser sombrias e realistas, “O ressurgimento” mantém o espírito de quem não se leva a sério.
Com isso, é mais fácil acreditar que Bill Pullman pode ser um antigo piloto de caça que se tornou presidente, que Jeff Goldblum salvou o planeta com um vírus de computador, que um senhor da guerra africano luta contra alienígenas com machetes e que uma aeronave do tamanho do Atlântico só foi detectada quando passava pela Lua. É uma sucessão tão grande — e ascendente — de nonsense que ou o público aceita de uma vez e desliga o cérebro, ou vai sair bem frustrado do cinema.
Inovar para sobreviver
Outro grande mérito é evitar um dos maiores problemas de continuações. Normalmente, na ânsia de “fazer algo maior”, os estúdios se esquecem de “fazer algo novo”, e simplesmente repetem tudo o que aconteceu no primeiro filme aumentando a escala.
O absurdo do novo “Independence Day” é o mesmo, mas as situações são diferentes. Não há mais suspense em relação à intenções dos invasores ou suas capacidades, e até temos nossa cota de naves gigantescas e discursos motivacionais de Pullman (um dos meus momentos favoritos no original que decepciona neste, é verdade), mas há novidades suficientes para te fazer relevar o fato de que o longa nem se preocupa em explicar por que os alienígenas gostam tanto de atacar a Terra no dia 4 de julho.
As adições ao elenco também trazem uma boa dose de ar fresco. Liam Hemsworth (da saga “Jogos vorazes”), Jessie Usher (“Quando o jogo está alto”) e Maika Monroe (“Corrente do mal”) formam um bom trio de novos protagonistas que deve carregar o bastão daqui pra frente.
Sim, porque o filme deixa bem claro suas intenções de ser apenas um trampolim para uma história ainda maior. Afinal, a ideia original de Emmerich era gravar dois longas ao mesmo tempo, mas o diretor foi impedido pela incerteza do estúdio em apostar numa marca que até teve sucesso, mas há duas décadas.
Se depender de seus próprios esforços e da ajuda do mercado chinês, que tem se tornado um fator cada vez mais determinante às bilheterias de blockbusters — algo lembrado aqui diversas vezes pela forma nada sutil como tentam enfiar a China entre os protagonistas –, o fechamento dessa trilogia deve acontecer. Assim como os humanos fizeram há 20 anos, “Independence Day” não tem planos de adentrar a noite tranquilamente.
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