As três maiores companhias aéreas brasileiras transportaram juntas cerca de 800 mil cães e gatos em 2019. Só a Latam leva uma média de 700 pets por mês. Em dezembro, na alta temporada, somente a Gol voou com 10 mil animais – um crescimento de 38% em comparação com 2018.
Os valores variam de R$ 200 a R$ 900, dependendo da empresa e do porte do animal. Profissional de recursos humanos, Ligia Zambom já viajou com seu shitzu Peu, de 8 anos, de Vitória (ES) a Salvador (BA), e acha caro o valor cobrado.
“Na ida, de Gol, ele viajou nos meus pés. Na volta, de Azul, foi no espaço que fica entre a tripulação e os passageiros. Todas as vezes numa caixa rígida. Levarei sempre porque é uma experiência tranquila, mas o valor cobrado é caro, fixo e não varia com promoção.”
O advogado Fernando Mapelli também viaja frequentemente com Paçoca, sua golden retriever de quatro anos. Uma das mais recentes foi saindo da capital paulista com destino a Ilhabela, no litoral norte.
“Chegando lá, Paçoca ainda pegou uma balsa. Ela é muito tranquila, vai dormindo no carro. Usamos uma capa no banco, um peitoral e o cinto de segurança. E paramos de uma em uma hora para que ela tome água, urine e ande um pouco”.
A crescente de pets embarcando em aviões, ônibus e carros é acompanhada por uma série de exigências, proibições e precauções (veja as condições de cada companhia aérea no final do texto). Por isso, o G1 reuniu o que é preciso saber antes e depois de viajar com seu animação de estimação.
Cuidados com a saúde do animal
A médica veterinária Marcela Fuzzetti, do Hospital Veterinário da Universidade Anhembi Morumbi, alerta que as viagens por si só não trazem riscos aos pets, mas sobram motivos para ficar atento com a respiração, a frequência cardíaca e possíveis enjoos.
Já o professor Doutor Mateus José Rodrigues, do Departamento de Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Unesp, lembra que cães que viajam no compartimento de bagagens podem encarar a viagem de forma pior. Veja as dicas abaixo.
- Se o animal tiver histórico de mudanças de comportamento, como ansiedade e estresse, pode sofrer com problemas para respirar em decorrência da experiência desconfortável do voo. É que eles ficam longe dos donos ou confinados em caixas de transporte (se forem pequenos) e no compartimento de cargas (se forem grandes). Existem tranquilizantes naturais – fitoterápicos – que podem ser recomendados por médicos veterinários.
- O mesmo vale para raças com face achatada, que sofrem mais com a má respiração. Se ficam estressados, eufóricos e ansiosos, a dificuldade respiratória agrava. É o caso dos cães das raças pug, bulldog, pequinês, boxer, shih tzu e yorkshire. Já nos gatos, é o caso das raças burmês, exótico, himalaio e persa.
- Evite viajar de avião se o animal tiver cardiopatia. As alterações no coração podem ser agravadas com situações de estresse.
- “Canse” o animal antes da viagem. Levar para brincar na rua e passear faz com que, na hora do voo ou de pegar a estrada, ele já esteja cansado, estressando menos e relaxando durante o percurso.
- Há diferenças no comportamento de cães, dependendo do tamanho. Os de pequeno porte podem viajar na companhia de seus tutores, o que permite o contato (olfativo, auditivo e visual) com quem confiam. Por conta disso, é esperado que os cães grandes, que viajam no compartimento de bagagens, fiquem mais estressados durante a viagem.
- No avião, não faça movimentos bruscos com a caixa do pet. Realize inspeções regulares no animal e, nos casos em que identificar muita agitação, converse com ele com voz pausada e calma, na tentativa de acalmá-lo.
- Se a viagem for de carro, faça paradas a cada duas horas para que o animal ande um pouco, urine e beba água. Se for de ônibus, opte por viagens curtas ou com paradas a cada duas horas.
- Pode ocorrer um desconforto intestinal por conta do movimento do veículo. Logo, o ideal é não viajar com o animal de estômago cheio ou após comer. Veterinários podem indicar remédios contra náusea. Mas nem todos os cães vão apresentar enjoo.
- Use coleira de peitoral. A de pescoço pode causar problemas na coluna e acidentes graves para o animal em caso de freada brusca ou colisão. Há cintos de segurança específico para cães. E gatos devem ser levados sempre na caixa de transporte.
- Não use sedativos, porque são muito perigosos. Quando um pet é sedado, há um monitoramento em relação a temperatura, pressão arterial e cardíaca. Há o risco de vida porque nestes casos não há um monitoramento.
- Monitore o animal após a viagem quanto ao apetite, sede e defecação.
Pets na cabine
Gol
- Cães e gatos devem pesar até 10 kg (contando com a caixa de transporte) e ter no mínimo 4 meses de vida.
- O custo é de R$ 250 por trecho e por animal para voos domésticos e R$ 600 por trecho e por animal para voos internacionais.
- É preciso apresentar comprovação de vacinação antirrábica com o nome do laboratório produtor, o tipo da vacina e o número da ampola utilizada. A vacina deve ter sido aplicada há mais de 30 dias e menos de 1 ano da data de embarque. Também deve ser apresentado atestado sanitário do animal, com validade de 10 dias após a data de emissão.
Latam
- Cães e gatos devem pesar até 7 kg.
- O custo é de R$ 200 por trecho e por animal para voos domésticos. Os valores variam dependendo do destino internacional.
- É preciso apresentar um atestado de vacinação antirrábica, recomendada para filhotes com mais de 90 dias de vida. Após a aplicação da 1ª dose, deve-se aguardar 30 dias para o embarque. Há documentações específicas para viagens internacionais.
Azul
- Cães e gatos devem pesar até 5 kg.
- O custo é de R$ 250 por trecho e por animal para voos domésticos. E de cem dólares para compras realizadas no exterior.
- É preciso apresentar comprovante da vacinação antirrábica, com o nome do laboratório produtor, o tipo da vacina e o número da partida/ampola utilizada. A vacina precisa ter sido aplicada há mais de 30 dias e há menos de um ano do embarque. Também deve ser apresentado o atestado de saúde do animal, emitido por médico veterinário, com validade de 10 dias da data de emissão.
Pets no compartimento de cargas
Gol
- Cães devem pesam entre 10 kg e 30 kg. Não é permitido o transporte de animais que, com a caixa de transporte, pesem mais de 30 kg “por questões de segurança para o próprio bicho”.
- É preciso apresentar comprovação de vacinação antirrábica com o nome do laboratório produtor, o tipo da vacina e o número da ampola utilizada. A vacina deve ter sido aplicada há mais de 30 dias e menos de 1 ano da data de embarque. Também deve ser apresentado atestado sanitário do animal, com validade de 10 dias após a data de emissão.
- O custo é de R$ 650 por trecho e por animal em voos nacionais e R$ 800 por trecho e animal em voos internacionais.
- Não são permitidos cães e gatos de focinho curto, por conta das características de seu sistema respiratório. É preciso checar a listagem de raças com a companhia.
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